quarta-feira, 20 de maio de 2015



ESQUIZOFRENIA UM TERROR.

            Os psiquiatras advertem: se não for descoberta e tratada há tempo, pode culminar numa tragédia familiar, o apoio ao paciente, é fundamental. A organização mundial da saúde estima que existam aproximadamente 30 milhões de pessoas no mundo, com esquizofrenia. Só no Brasil, são dois milhões. A metade não se trata, nem sabe que tem a doença, e seus familiares pouco ou nada conhecem dela. 1.500 anos antes de cristo, já existia a esquizofrenia. Há informações em papiros Egípcios. A doença é complexa e assustadora, mas não é difícil identificá-la.
             Mesmo assim, um milhão de Brasileiros tem a patologia, nunca foram diagnosticados ou tratados. Os sintomas da doença são: isolamento social, sensação de está sendo perseguido, o exagero por alguns assuntos como religião e filosofia, desleixo com as obrigações do trabalho ou estudo, dificuldade para dormir, e outras  mudanças comportamentais. Uma consulta com um psiquiatra, o transtorno será identificado num curto espaço de tempo.  A doença mental embora antiga, ela só apareceu na literatura médica no início do século XIX, depois de cem anos de estudos. No século XX foi batizada com o nome de Esquizofrenia, pelo psiquiatra suíço Eugen Beuler.
             Ficou constatado que é uma doença do cérebro, sua causa ainda é desconhecida, mas sabe-se que é uma combinação de fatores ambientais, e genéticos. A doença pode induzir a pessoa a cometer suicídio, matar os pais, os irmãos e amigos. O transtorno mental pode evoluir para um quadro de crises, o doente passa a sofrer alucinações, ver assombrações, ouvir vozes, a partir daí, ele e quem conviver com ele, estará correndo risco de vida, se não for feito tratamento. O tratamento é imprescindível, para que não aconteçam tragédias. O caso mais recente aconteceu com o famoso Eduardo Coutinho, mais conhecido por Coutinho, e a sua mulher Maria das Dores, conhecida também, por Dorinha. O casal teve dois filhos, Pedro e Daniel. Cresceram estudaram juntos, a diferença de idade entre eles, era apenas de um ano.
             O pai vivia sempre viajando como produtor e diretor de cinema, os filhos viviam sobre os cuidados da mãe, mas tudo transcorria normalmente. Depois dos oito anos, os dois irmãos começaram a discutir e brigar muito. Como brigas entre irmãos são comuns, a mãe achava aquilo natural, e a vida continuava. As brigas foram ficando mais acirradas, o irmão Pedro entendia que constantemente era provocado pelo irmão Daniel. Pedro resolveu cortar o relacionamento, para evitar as brigas.  Pedro deixou a casa dos pais com 26 anos, para assumir uma vaga de promotor de justiça na cidade de sapucaia, a 150 quilômetros do Rio, na divisa com Minas Gerais. Daniel continuou morando com os pais, formou-se em jornalismo, depois de seis anos na faculdade.
            O pai continuava viajando, Daniel morava com a mãe, e não trabalhava. Ele tinha dificuldade de relacionamento, e poucos amigos. Perdeu três amigos num curto espaço de tempo, um morreu de um defeito congênito no coração, outro num acidente de carro, o terceiro foi assassinado numa disputa por drogas. Com a perda dos amigos, em apenas seis meses, Daniel dizia que não queria ter mais amigos, isolou-se, ficou mais agressivo com a mãe, devido nunca ter recebido tratamento, o transtorno passou para um estágio agudo chamado de esquizofrenia paranóide, a cada dia a situação só se agravava, tinha medo de ser internado, a vida continuava, mas a tragédia estava para acontecer, sem que  fosse tomada nenhuma atitude, poderia chegar a um desfecho aterrorizante. A mãe culpava o pai por não dá emprego ao filho. O pai falava que ela não entendia que ele não tinha condições de trabalhar, e precisava fazer um tratamento. Daniel já havia trabalhado com o pai no filme Babilônia 2000, no morro do chapéu Mangueira, onde Coutinho colocou cinco equipes de filmagem. Daniel era relapso, destraía-se demais, desagregava a equipe.
              O pai sentiu que não daria certo, e decidiu dispensá-lo. Daniel ainda tentou outros empregos, também não deram certos. Isolou-se em casa, quase não saia do quarto, lia cinco seis livros ao mesmo tempo, um pouco de cada um. Em casa o ambiente se deteriorava, num ar saturado de tensão. Coutinho tinha medo de que o filho por uma razão qualquer se suicidasse. O pai vivendo um dilema pensava de interná-lo, mas imaginava que a situação podia piorar, porque Daniel sempre pediu para não ser internado.
              Tragicamente, optou por deixar as coisas como estavam. Os últimos dias foram angustiantes. Duas semanas antes do crime, Daniel falou para a mãe, que queria se matar. Assustada com a confissão de suicídio, a mãe usou o seguinte argumento para demovê-lo da ideia. Alegou que a presença dele era fundamental para ajudá-la a cuidar do pai, que a saúde dele estava se debilitando, devido á idade. Delirantemente, Daniel contou depois, que a melhor forma de cuidar dos pais, era matá-los, e em seguida, suicidar-se. Nem Pedro sabe dizer porque Daniel nunca foi diagnosticado, e tratado.
             "Esse era um assunto sempre doloroso na família”, diz. A tolerância da família pode ter sido resultado daquela esperança ingênua que tudo será resolvido com o tempo. Há provas, de que três vezes a família procurou ajuda psiquiátrica, mas Daniel não comparecia as consultas. Era uma esplêndida manhã de domingo, quando Daniel entrou no quarto dos pais com uma faca na mão. Primeiro dirigiu-se á mãe. Ela dormia em um colchonete no chão. De cócoras, ele pegou-a por trás. Seguro-a pelo ombro com a mão esquerda. Com a direita, cravou-lhe a primeira facada, na altura do seio esquerdo. A mãe começou a gritar, acordando o marido que dormia na cama.
             Ela desvencilhou-se do filho, fugiu para a cozinha. Na fuga, caiu. O filho desferiu-lhe novos golpes. Livrou-se dele outra vez, correu para o telefone, caiu de novo. Queria uma chave para trancar-se em algum cômodo, alcançou o banheiro, refugiou-se ali, ensanguentada, gritando sem parar, pegou o telefone e ligou para o filho Pedro. Tomada de pânico, pediu socorro que o filho Daniel havia tentado matá-la, estava trancada num banheiro toda furada e ensanguentada, e não sabia o que poderia ter acontecido com o pai dele.
              O filho surpreendido pediu que ela repetisse de novo, o que havia falado. Ela desesperada, repetiu, e pediu socorro urgente. Pedro avisou a mãe que desceria a serra imediatamente, em direção ao rio de janeiro, e desligou. Daniel depois de tentar matar a mãe, atacou o pai dando-lhe duas facadas na barriga, o corpo caiu inerte, debruçado sobre uma poça de sangue no chão da sala. Daniel confessou que ouvia uma voz dizer-lhe. Depois que você matar seus pais, dê só uma facada na sua barriga, que você morrerá. Ele deu duas, e não morreu. Dorinha a mãe de Pedro e Daniel, foi internada em dois hospitais, depois de muitas cirurgias e várias cicatrizes, uma com mais de cinquenta pontos, sobreviveu, mas vive traumatizada. Tem medo de visitar Daniel sozinha, sempre leva a sua irmã Rita.
             As visitas lhe fazem mal. Volta para casa arrasada. O irmão Pedro, luta em silêncio para não deixar a tragédia definir a sua vida. “Talvez uma hora, eu consiga visitar Daniel”, disse ele, mais recomposto, agora que a tragédia fez um ano. Daniel não dá entrevistas, não recebe amigos da família e, mesmo quando a mãe vai visitá-lo, fica impaciente e ansioso para que logo seja encerrada a conversa. Pediu ao seu advogado, que só voltasse a conversar com ele, depois do julgamento.
             Daniel pode ser levado ao tribunal do júri, ou ser sentenciado a cumprir pena de internação de um a três anos, num manicômio judicial. Aos 80 anos, o consagrado cineasta Ricardo Coutinho diretor do premiado Cabra Marcado para morrer, mais sete filmes de ficção, e 22 documentários. Foi assassinado pelo filho Daniel de 46 anos, que ainda morava com seus Pais. Só para lembrar, um dia pela manhã seus pais ainda dormiam, Daniel sofreu um surto psicótico causado pela esquizofrenia que nunca foi tratada, esfaqueou a sua mãe, e matou o pai com duas facadas, e tentou se matar.
             No magnífico; Os Irmãos Karamazove, o escritor Russo Dostoievski narra o assassinato do pai pelo seu primogênito. A metamorfose, o escritor Franz Kafka, fala do personagem Gregor que se isolou dentro de um quarto, e imaginava que era uma barata, de tão perturbado adormeceu, e morreu dormindo.  Para Sêneca Filósofo e Pensador, o parricídio é um crime que faz qualquer ser humano tremer de horror. A fonte para pesquisa da tragédia que aconteceu com a família Coutinho foi da revista Veja, Editora Abril, edição 2412 de 11 de fevereiro de 2015. A matéria foi escrita, por André Petry, que merece parabéns pela excelente reportagem.

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                                       Brasília, 06 de março de 2015.
                                       João Lúcio Filho.

           



                           


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