SENADOR FOI ENGANADO DEPOIS QUE MORREU.
Um Senador
Deslumbrado
Passou dessa pra
melhor
Ou pra outra bem pior
Vou relatar o
passado:
Chegando o pobre
coitado
Na porta do
firmamento
São Pedro disse: um
momento
Tenha calma, cidadão!
Faça aqui sua opção
E assine o
requerimento
A regra já dizia
cada um no seu lugar
E você vai optar
Onde quer passar o
dia
Aqui tem democracia
Me dê a sua resposta
Fazendo a sua
proposta
Se quer o Céu ou o Inferno
Viver de túnica, ou
de terno...
Do jeito que você
gosta!
Em seguida o senador
Assinou a papelada
Descendo por uma
escada
Entrou num elevador
E desceu com o
assessor
Pra o inferno
conhecer
Para depois escolher
Onde queria morar
E qual seria o lugar
Que escolheria viver
E no inferno ele viu
O campo todo gramado
Verdinho bem arrumado
Como um que tem no
Brasil
Um homem grande e
gentil
Disse-lhe: eu sou o
Cão
Muito prazer meu
irmão!
Aqui você é quem
manda
E deu ordens pra que
a banda
Tocasse outro baião
Encaminhou a visita
Para uma mesa repleta
Uma assessoria
completa
Num alpendre em
palafita
Uma assistente bonita
Cerveja, wisque e
salgados.
Dinheiro pros
carteados
Charutos bons e
cubanos
Foi relembrando dos
anos
E dos acordos
fechados
Encontrou com os
amigos
Dos tempos áureos de
glórias
Relembrando as
histórias
Que já haviam
esquecidos
Wisques envelhecidos
Não paravam de chegar
Parecia um marajá
Jogando cartas e
fumando
Mas já estava
chegando
A hora dele voltar.
E então no elevador
Ele tornou a subir
Para então se decidir
E finalmente propor
Mas no céu o senador
Vê um cenário de paz
Com um sereno assaz
Anjinhos tocando lira
São Pedro disse
confira
Escolha e não volte
atrás
Era um silêncio
danado
Sem wisque e sem
cerveja
No máximo uma cereja
E ele já agoniado
Disse assim
determinado
Já tomei minha
decisão
Quero ir morar com o
cão
Pois lá me sinto
melhor
Não que aqui seja
pior
É questão de opinião
São Pedro disse pois
bem
Pode ir pro elevador
Que logo meu assessor
Fará o que lhe convém
O senador disse amém
Já pensando no
sucesso
Que seria o seu
regresso
Para o quinto do inferno
Lá também seria
eterno
E a tudo teria acesso
E assim que ele
desceu
Numa imensa alegria
Sentiu logo uma
agonia
Algo estranho
percebeu
Atrás desapareceu
A porta do elevador
E o pobre do senador
Só via fogo e tortura
Deu-lhe logo uma
amargura
Era um cenário de
horror
Nisso ia passando o
cão
Deu-lhe uma chibatada
Sorrindo em
gargalhada
Remexendo um
caldeirão
E empurrou-lhe um
ferrão
Deixando a testa
ferida
E ele puto da vida
Disse: rapaz sou eu
O senador! se
esqueceu?
Cadê aquela acolhida?
Eu peguei o bonde
errado
Ou o cabra se
atrapalhou
E para cá me mandou
Deve ter se enganado
Meu lugar é no
gramado
Jogando golfe e
fumando
Eu nada estou lhe
cobrando
Foi você que
ofereceu!!!!!!!!!!!
E o wisque? se
esqueceu?
E devo está delirando
E o diabo a sorrir
Disse-lhe: seja bem
vindo
E o que estás me
pedindo
Eu não vou poder
cumprir
Quando estivestes
aqui
Naquela ocasião
Não era outra coisa
não
Também não me leve a
mal
Foi promessa
eleitoral
Pra ganhar a eleição.
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Brasília, 12 de Fevereiro de 2016.
João Lúcio Filho.
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