domingo, 7 de fevereiro de 2016




DICIONÁRIO DA LÍNGUA NORDESTINA,
NA LITERATURA DE CORDEL.
No cordel-dicionário                                                          
Eu pretendo registrar
O rico vocabulário
Da criação popular
No Nordeste garimpei
Juntei tudo, compilei
Ao leitor vou mostrar
Se alguém é desligado
É chamado de bocó
Brôco, lerdo e abestado
Azuado ou brocoió
Arigó é Zé Mané
Sonso, atruado, bilé
Pomba lesa e zuruó
Carro novo é zerado
Armadilha é arapuca
Doido é abirobado
Inventar chama-se infuca
Matuto é mucureba
Qualquer ferida é pereba
Mosquito grande é mutuca
Quem muito agarra, abufela
Briga pequena é arenga
Enganar é esparrela
Toda prostituta é quenga
Rapapé é confusão
De repente é supetão
Insistência é lenga-lenga
Qualquer tramóia é motim
Solteira idosa é titia
Mosquitinho é mucuim
Recipiente é vasia
Meia garrafa é meiota
O exibido é fiota
Bagunça é istripulia
Bebeu muito é deodato
Brisa leve é cruviana
O sujeito otário é pato
Cigarro curto é bagana
Fugir é capar o gato
O engraçado é gaiato
Quem vai preso tá em cana
Ter mesmo nome é xarapa
Muito junto é encangado
Água com açúcar é garapa
Cor vermelha é encarnado
Muita coisa dá mêi mundo
Mundim chama-se Raimundo
Valentão é arrochado

A rede velha é fianga
Com raiva é apurrinhado
Careta feia é munganga
Baitinga é o mesmo viado
O bom é só o pitéu
Bajulador, é xeleléu
Sem jeito é malamanhado
Bater fofo é não cumprir
tecetera é escambau
Sujar muito é encardir
Quem acusa, cai de pau
Confusão é funaré
Carta coringa é melé
Atacar é só de mau
Qualquer botão é biloto
Mulher difícil é banqueira
Pequenino é pirritoto
Estilingue é baladeira
Qualquer coisa é birimbelo
Descorado é amarelo
Sem requinte é labrocheira
Um perigo é boca quente
Porco novo é bacurim
Atrevido é saliente
Quem não presta é corja ruim
Dedo duro é cabuêta
A perna torta é zambêta
Coisinha pouca é tiquim
Parteira é cachimbeira
Dar mergulho é tibungar
Cucuruto, é moleira
Olhar demais é cubar
Tem ainda ternontonte
Que vem antes do antonte
Ver de soslaio é brechar
Quem briga bota boneco
Sem valor é fulerage
Copo pequeno é caneco
Estrada boa é rodage
O tristonho é capiongo
Galo ou inchaço é mondrongo
Ser ralé é catrevage
O velho ovo estrelado
É o bife do oião
Nervoso é atubibado
Repreender é carão
O zarôlho é caraôi
Enviezado, zanôi
Inquieto é frivião

A perna fina é cambito
Dar o fora é azular
Muito magrelo é sibito
Pisar manco é caxingar

Rede pequena é tipóia
Tudo bem é tudo jóia
Fazer troça é caçoar
A expressão 'dá relato'
Que atinge mais de légua
'Tá ca peste!' 'Só no Crato!
'Tá lascado!' 'Aarre égua!'
'Corra dentro!' ' Qué cirmá? '
'É de rosca? 'É é de lascar! '
'Vôte!' 'Ôxente! 'Isso é paid'égua!'
Se é muito longe, arrenego
Que Deus do céu nos acuda
É pra lá da caixa prego
Lá no calcanhar do juda
Nas bimboca ou cafundó
Nas brenha ou caixa bozó
Onde o vento a rota muda
Se é cheia de babilaque
É ispilicute ou dondoca
Ligeiro é 'que nem um traque'
Agachado é tá de coca
Sem rumo é desembestado
O faminto é esguerado
Bolha na pele é papoca
Chamuscado é sapecado
Nuca, cangote é cachaço
Meio tonto é calibrado
A coluna é espinhaço
Se está adoentado
Tá como diz o ditado:
'da pucumã pro bagaço'
Nordestino tem mania
Chama todo mundo Zé
Zé da onça, Zé de tia
Zé ôin ou Zé Mané
Zé tatá ou Zé de Dida
Achando pouco apelida
Um bocado de Zezé
Fazer goga é gaiofar
O que é longo é cumprissaio
Provocar é impinjar
Toda pilôra é desmaio
Salto ligeiro é pinote
Bando, turma é um magote
Cesto sem alça é balaio
A comidinha caseira
Tem fama no Ceará
Tipicamente brasileira
Faz o caboco babar
No bar do Mané bofão
Pau do guarda, panelão
O cardápio vou citar:
Sarrabulho, panelada
Mucunzá e chambari
Tripa de porco, buchada
Baião de dois com piqui
Tem pão de milho e pirão
Carne de sol com feijão
Tijolo de buriti
Quem é ruivo é fogoió
O tristonho é distrenado
Tornozelo é mocotó
Quem é rico é estribado
Jarra de barro é quartinha
O banheiro é a casinha
Sem saída, 'tá pebado'
A bebida e o seu rol
No Ceará todo habita
A fubuia e o merol
A truaca e a birita
Amansa sogra ou quentinha
Engasga gato, é caninha
A meropéia mardita
O picolé no saquinho
Aqui se chama dindin
Se é o dedo menorzinho
É chamado de mindin
Riso sonoro é gaitada
Confusão é presepada
Atrevido é saidin
Papo longo e sem valor
É um 'miolo de pote'
Muito esperto é vívido
Adolescente é frangote
Soldado raso é samango
A lagartixa é calango
O tabefe é cocorote
A lista é quase sem fim
Não cabe num só cordel
Tem alpercata, alfinim
E um mundo de berel
Chué, baé, avexado
Bãe de cúia, ôi bribado
Quebra-queixo e carritel
Tem visage, sarará
Tem bruguelo e inxirido
Rabiçaca e aluá
Ispritado e zói cumprido
Bunda canastra, lundu
Dona encrenca, sabacu
Bonequeiro e maluvido
  
Compartilhar.

Siga o meu TWITTER: 
 
Visite o meu Webartigos:


Visite o meu Instagran:

https://www.instagram.com/j.luciofilho/

Visite meu Facebook: digita João Lúcio Filho.  



                                           
                                
                                            
                                        Brasília, 07 de Fevereiro de 2016.
                                        João Lúcio Filho




Nenhum comentário:

Postar um comentário